Matriz de Materialidade: o Compasso ESG das Empresas
- Juliano Davoli

- 19 de ago. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de set. de 2024
As empresas estão buscando formas de demonstrar seu compromisso com a sustentabilidade e com a criação de valor de longo prazo. Nesse contexto, a matriz de materialidade surge como uma ferramenta fundamental para direcionar as ações e os investimentos em ESG.
O que é materialidade?
Em termos simples, a materialidade se refere à identificação dos aspectos econômicos, ambientais e sociais mais relevantes para uma empresa, considerando tanto seus impactos internos quanto externos. Ou seja, quais são os temas que mais importam para os stakeholders (acionistas, clientes, funcionários, comunidades, sociedade em geral) e que podem afetar significativamente o desempenho da empresa a longo prazo.
Temas ambientais como mudanças climáticas e uso de recursos naturais; sociais, como condições de trabalho e diversidade; e de governança, como ética corporativa e transparência podem aparecer com diferentes pesos para cada empresa e seu conjunto de stakeholders.
A dupla materialidade: um olhar mais completo
A dupla materialidade expande o conceito, considerando não apenas os impactos da empresa no mundo externo (materialidade de impacto), mas também os impactos do mundo externo na empresa (materialidade financeira). Por exemplo, uma mudança climática pode representar tanto um risco para os negócios de uma empresa de energia, quanto uma oportunidade para uma empresa de energias renováveis.
A matriz de materialidade na prática
A matriz de materialidade é uma representação visual que identifica os temas mais relevantes para os stakeholders (eixo y) e os temas mais importantes para a empresa (eixo x). Essa matriz permite visualizar quais temas são mais importantes para cada grupo e quais ações a empresa deve priorizar.

Exemplos:
Imagine uma empresa de alimentos que identifica como aspectos materiais a gestão de resíduos, a água, as emissões de gases do efeito estufa e o impacto da sua cadeia de suprimentos nas comunidades agrícolas e no desmatamento. Ao cruzar esses aspectos com os stakeholders (clientes, funcionários, fornecedores, comunidades), a empresa pode perceber que os clientes se preocupam mais com a origem dos ingredientes e com a redução de embalagens, enquanto os funcionários estão mais interessados em práticas de trabalho justas e em programas de saúde e segurança.
Empresas do setor de energia podem identificar como temas materiais a transição para fontes de energia renováveis e a gestão eficiente de resíduos. No entanto, a dupla materialidade exigirá que essa empresa também avalie como suas atividades impactam as comunidades locais, o uso da terra, e a biodiversidade. Isso leva a uma análise mais completa e transparente, refletindo o compromisso da empresa com a sustentabilidade em todas as suas dimensões.
Já uma seguradora pode avaliar que existe um risco material relacionado ao aumento de eventos climáticos extremos (onda de calor ou frio, tempestades, ciclones) elevando de forma desprorpocional as perdas devido as consequências destes eventos (inundações, deslizamentos).
A matriz de materialidade como base para a sustentabilidade
A matriz de materialidade é a pedra fundamental para a construção de uma estratégia ESG eficaz. Ao identificar os aspectos mais relevantes, a empresa pode:
Priorizar as ações: Concentrar os esforços e os recursos nos temas que geram maior impacto.
Gerenciar riscos: Identificar e mitigar os riscos associados aos aspectos materiais.
Capturar oportunidades: Explorar novas oportunidades de negócios relacionadas à sustentabilidade.
Melhorar a comunicação: Demonstrar transparência e engajamento com os stakeholders.
Elaborar relatórios de sustentabilidade: Apresentar um panorama claro e conciso das ações da empresa em ESG.
Conclusão
A matriz de materialidade é uma ferramenta poderosa para que as empresas possam alinhar suas estratégias de negócio com os princípios da sustentabilidade. Ao compreender os aspectos materiais e as expectativas dos stakeholders, as empresas podem construir um futuro mais sustentável e gerar valor de longo prazo para todos os envolvidos.






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