O desempenho financeiro tradicional ganha companhia para decisões de investimentos de longo prazo
- Juliano Davoli

- 18 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 19 de set. de 2024
A sustentabilidade deixou de ser tendência para se tornar uma exigência. No Brasil, as empresas de todos os portes estão sendo desafiadas a adotar práticas mais responsáveis e transparentes. As novas regulamentações sobre o tema impulsionam essa transformação, exigindo que as organizações demonstrem seu compromisso com o meio ambiente e a sociedade.
Os investidores estão cada vez mais atentos ao desempenho ambiental, social e de governança (ESG) das empresas. As decisões de investimentos baseados apenas em performance financeira das empresas vai dando lugar a uma análise ampla e com um horizonte de prazo mais longo.
Padrões Globais de Relatórios
Diversos padrões, guias e recomendações globais, como o SASB (Sustainability Accounting Standards ou "industry standards"), TCFD (Task Force for Climate-related Financial Disclosures), o Integrated Report Framework e o Global Reporting Initiative (GRI), já orientam empresas na elaboração de seus relatórios de sustentabilidade. O objetivo é fornecer informações claras e padronizadas sobre como as práticas de uma empresa impactam o meio ambiente e a sociedade, além de facilitar a comparação entre empresas e setores. A recente criação do International Sustainability Standards Board (ISSB) tem como foco consolidar esses diferentes padrões e oferecer uma base global uniforme para a divulgação de riscos e oportunidades relacionados à sustentabilidade.

A Nova Realidade para as Empresas Brasileiras
Com a crescente demanda por informações ESG por parte dos investidores, as empresas brasileiras terão que se alinhar a essas novas exigências. O governo brasileiro, por meio de diferentes órgãos reguladores, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), está avançando na formulação de regras para relatórios de sustentabilidade. Essas regulamentações seguirão, em grande parte, as diretrizes internacionais estabelecidas pelo ISSB, que busca simplificar e padronizar a comunicação de informações ESG relevantes para investidores. A Resolução CVM 193 estabelece a adoção das normas IFRS S1 (Requisitos Gerais para Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas a Sustentabilidade) e IFRS S2 (Divulgações Relacionadas ao Clima) de forma voluntária até 2025 e, a partir do ano fiscal de 2026, de forma obrigatória para as empresas de capital aberto, fundos de investimento e companhias securitizadoras.
Isso trará um grande impacto para as empresas no Brasil. As organizações precisarão adaptar seus processos de coleta e análise de dados, muitas vezes envolvendo todas as áreas do negócio, para garantir que os relatórios sejam precisos e completos. Como destacado, as questões climáticas e as emissões de gases de efeito estufa (GEE) serão prioridades.
Benefícios e Desafios para as Empresas
Embora haja um custo associado à implementação desses novos padrões de relatório, os benefícios podem superar os desafios. Empresas que são transparentes em suas práticas de sustentabilidade terão mais facilidade para atrair investidores e poderão usufruir de vantagens competitivas ao demonstrar resiliência em um mundo cada vez mais afetado por mudanças climáticas e pressões sociais.
No entanto, será necessário um alinhamento mais próximo entre relatórios financeiros e de sustentabilidade, integrando-os para que os investidores possam entender claramente como as práticas ESG afetam o desempenho financeiro da empresa. Aquelas que não se adequarem correm o risco de perder oportunidades de investimento ou enfrentar penalidades regulatórias.
A jornada rumo à sustentabilidade é um processo contínuo. As empresas que investirem em relatórios de sustentabilidade de qualidade não apenas atenderão às exigências legais, mas também fortalecerão sua marca e atrairão investidores. É hora de transformar os desafios em oportunidades e construir um futuro mais próspero e sustentável.






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